Uma alteração em um gene parece influenciar a preferência dos viciados em cocaína pela forma mais nociva da droga: o crack,
a cocaína em pedra, que em geral é fumada. Pesquisadores da
Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) chegaram a essa conclusão ao comparar as alterações mais
frequentes no gene que armazena a informação para produzir a enzima
butirilcolinesterase (BCHE) e os hábitos de consumo de 698 dependentes
de cocaína da capital paulista. Sintetizada pricipalmente pelo fígado, a
BCHE degrada a cocaína no sangue, transformando-a em dois compostos
inertes. Por isso, quanto maior a quantidade da forma ativa da enzima,
menor a dose de cocaína que chega ao cérebro e menos intensos
os
efeitos da droga. Os pesquisadores confrontaram a frequência de três
mutações no gene da BCHE com a forma preferida de consumo da cocaína:
aspirada(em pó), inalada (crack) ou ambas. Viram que os usuários
com uma mutação específica – a rs1803274, que reduz a atividade da
enzima – nas duas cópias do gene da BCHE eram mais propensos a consumir o
crack do que a
cocaína em pó (PloS One, 27 de novembro). Essa mutação não seria a causa direta da dependência, mas influenciaria a preferência pela cocaína inalada.
Fonte: Revista Fapesp - Edição 214 - Dezembro de 2013
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