Preenchendo lacuna: nativo da Ásia, o paulistinha ou zebrafish é um modelo animal intermediário entre a drosófila e os roedores |
No subsolo do Museu de Ciências e
Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS),
em Porto Alegre, funciona uma agência de encontros um tanto incomum. Todo fim
de tarde alguns casais – trios, na verdade – são conduzidos a uma sala
silenciosa onde, às escuras, passam algumas horas se conhecendo a certa
distância. Pela manhã, quando as luzes são acesas e o contato físico é
liberado, os participantes iniciam um namoro de apenas 15 minutos que costuma
deixar muitos descendentes. Um cartaz afixado no lado de fora da porta mantém
afastados os curiosos: “Não entre: acasalamento em andamento”. Nesse
laboratório da PUC-RS, a bióloga Monica Ryff Moreira Vianna, seguindo
estratégias que ela otimizou, controla a reprodução de um pequeno peixe
listrado de prata e negro conhecido como zebrafish ou
paulistinha, cada vez mais usado nas pesquisas em neurociências no mundo e,
agora, no Brasil.
“Em alguns testes, o zebrafish pode
funcionar como uma alternativa ao uso de roedores; em outros, pode oferecer
informação complementar”, afirma o biólogo Denis Rosemberg, que recentemente
participou da instalação de um biotério de zebrafish na
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), em Santa Catarina.
Ele começou a trabalhar com o peixe no Laboratório de Neuroquímica e
Psicofarmacologia, da farmacologista Carla Bonan, durante a graduação na
PUC-RS. Ele investigou os efeitos danosos do álcool sobre o cérebro e
demonstrou a ação neuroprotetora da taurina, naturalmente produzida pelo organismo
e encontrada em bebidas energéticas, quando migrou para a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em Santa Catarina, Rosemberg e o
farmacologista Angelo Piato começam agora a usar o peixe para investigar os
efeitos do estresse no sistema nervoso central e no comportamento. Esse, aliás,
é um dos casos em que o zebrafish (Danio rerio) pode
oferecer vantagens sobre os roedores. É que no peixe o hormônio que controla o
estresse é o cortisol, o mesmo que nos seres humanos é liberado por glândulas
situadas sobre os rins em situações reais ou imaginárias de ameaça à vida. Nos
roedores, o hormônio produzido nessas situações é a corticosterona, que ocorre
em concentrações muito baixas no organismo humano.
Na UFRGS, o grupo do biólogo Diogo
Losch de Oliveira conseguiu dar um passo além. Em um trabalho publicado no
início deste ano na revista PLoS One, ele e seu aluno de mestrado
Ben Hur Mussulini haviam descrito detalhadamente as alterações comportamentais
que caracterizam os estágios epilépticos no zebrafish adulto.
“Na literatura científica só havia descrições detalhadas para o modelo em
larvas, que apresentam um repertório comportamental mais restrito”, diz Losch.
Quase transparente: embriões de zebrafish 24 horas após a fertlização |
Mais recentemente seu grupo começou a
testar os primeiros de um grupo de 30 compostos desenvolvidos em parceria com
Grace Grosmann, da Faculdade de Farmácia da UFRGS. Esses compostos tentam
explorar uma via bioquímica distinta das que são alvo dos medicamentos
atualmente disponíveis, incapazes de controlar cerca de 30% dos casos de
epilepsia. Dos três compostos testados, apenas um se mostrou capaz de reduzir a
intensidade das crises e deve seguir para outras fases de avaliação.
Estudos internacionais, a propósito,
consideram o zebrafish uma ferramenta bastante promissora para
a análise e seleção de compostos candidatos a medicamentos. Com esse peixe,
espera-se acelerar e baratear o processo. Uma das vantagens é que seu ciclo de
vida é rápido – em quatro dias vários dos seus órgãos estão formados – e as
larvas, que nascem às centenas a cada postura, com uns poucos milímetros de
comprimento, podem ser acomodadas em vários poços de teste com doses
baixíssimas de compostos químicos. Com essa seleção, imagina-se ser possível
reduzir o número de moléculas que seguiriam para as fases seguintes, de
experimentos com roedores. “Com o zebrafish é possível testar
em meses e com alguns milhares de dólares o que levaria anos para ser feito com
roedores e custaria milhões”, comenta o bioquímico Diogo Onofre Souza,
coordenador do Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação de
Excitoxocidade e Neuroproteção, onde são desenvolvidas as pesquisas com zebrafish na
UFRGS. No exterior, algumas indústrias de medicamentos já começam a adotá-lo em
sua linha de testes.
Pioneiros
Nativo do sudoeste da Ásia, onde é encontrado em rios calmos e rasos e nas
plantações alagadas de arroz e juta, esse peixe chegou aos laboratórios de
pesquisa no final dos anos 1960, com o biólogo norte-americano George
Streisinger, da Universidade do Oregon. Ele trabalhou sozinho por uma década
para selecionar linhagens que permitissem entender como defeitos em diferentes
genes afetavam o desenvolvimento. Seu esforço só conseguiu reduzir o ceticismo
dos colegas em 1981, quando publicou um artigo na revista Nature apresentando
o modelo consolidado. Nos anos seguintes, o número de artigos científicos que
usavam o peixe como modelo biológico cresceu aceleradamente, em especial nos
estudos de genética e desenvolvimento, e só na última década o zebrafish chegou
à neurociência.
Modelos
Complementares
“O zebrafish começa a preencher uma lacuna que existia entre
os modelos animais para o estudo de doenças humanas”, diz o neurofisiologista
Luiz Eugenio Mello, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que estuda
alterações no sistema nervoso central, entre elas as causadas pela epilepsia,
usando ratos como modelo biológico. Mello lembra que um axioma da ciência diz
que o melhor modelo para investigar uma coisa é a própria coisa. De acordo com
esse raciocínio, o ideal para o estudo das doenças humanas seriam os próprios
seres humanos. Mas isso raramente é possível. “Na maioria das vezes há
restrições éticas e limitações de tempo, espaço e custo para realizar as
pesquisas”, afirma. “Por isso são necessários vários modelos experimentais, dos
mais simples aos mais complexos, para compreender a origem de alguns
problemas.”
Quando não se pode investigar um
problema no próprio ser humano, a medicina e a biologia adotam uma espécie de
escala preferencial de modelos, em que são levados em conta fatores como a
semelhança evolutiva, anatômica, fisiológica e genética. Segundo esse sistema,
os animais que permitiriam extrapolar os resultados com mais segurança para as
pessoas seriam os outros primatas, como o chimpanzé, cujo uso em pesquisa é
proibido no Brasil e vem sendo banido nos Estados Unidos, e outros macacos. “Só
trabalha com primata quem dispõe de muita verba e muito espaço”, comenta o
biólogo molecular João Bosco Pesquero, também da Unifesp, criador de uma das
primeiras linhagens brasileiras de camundongos transgênicos.“Por isso, muita
gente opta pelos roedores, que são mamíferos como os seres humanos”, diz.
Larva de zebrafish com 5 dias de vida |
Diante de dificuldades técnicas que
impedem o trabalho com roedores, o que às vezes ocorre na genética – por
exemplo, só há bem pouco tempo se começou a conseguir a produzir ratos
transgênicos –, a saída é trabalhar com modelos evolutivamente mais distantes
dos seres humanos, mas mais fáceis de manipular, como as drosófilas. E mais
recentemente com o zebrafish.
O mais importante, porém, é que, do
ponto de vista evolutivo, o zebrafish é mais próximo dos seres
humanos do que as drosófilas, há quase um século usadas como organismo modelo
em genética. O genoma do zebrafish, concluído no início deste ano,
indica que 70% de seus 26 mil genes são semelhantes aos genes humanos – essa
similaridade é menor com a drosófila e maior com camundongos e ratos, que
serviram de base para muito do que se conhece de fisiologia humana.
“Historicamente as pesquisas em
neurociências usam os roedores como modelo biológico, mas esse cenário começa a
mudar”, conta Monica, que também integra a diretoria da Rede Latino-americana
de Zebrafish (Lazen). Esse consórcio reúne pesquisadores de sete países que
usam o peixe em seus estudos e oferece treinamento para aqueles, em geral em
início de carreira, interessados em adotar o zebrafish como
modelo experimental. Dos 39 grupos que integram a rede, 11 são brasileiros e
quase metade está no Rio Grande do Sul.
A produção científica nacional
utilizando o zebrafish, que inexistia há pouco mais de uma década,
vem crescendo de modo acelerado nos últimos anos, num ritmo maior do que no
restante do mundo. A bióloga Luciana Calabró, especialista em cientometria e
integrante de um dos grupos que realizam estudos com o paulistinha na UFRGS,
chegou a essa conclusão em um levantamento recente realizado em uma das maiores
bases internacionais de artigos científicos, a Scopus. “A produção brasileira
saiu de 2 artigos por ano em 1999 para 36 em 2012, quando passou a representar
cerca de 2% dos trabalhos com zebrafish publicados no mundo”,
conta.
A produção nacional com esse peixe
ainda é modesta ante a internacional, que soma quase 2 mil artigos por ano nos
últimos tempos. Mas vem conseguindo se destacar nas neurociências. “O zebrafish é
um modelo novo nessa área e a comunidade que trabalha com ele ainda é pequena”,
conta Monica.
No Brasil
Os primeiros trabalhos com esse peixe feitos no Brasil saíram do laboratório da
pesquisadora Rosana Mattioli, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
no interior de São Paulo. Naquela época o zebrafish começava a
ser usado nas pesquisas em neurociências, mas o comportamento natural da
espécie ainda era pouco conhecido. Rosana, então, realizou uma série de
experimentos simples que ajudou a identificar a preferência do peixe por viver
em ambientes escuros. Ela colocava os exemplares do zebrafish em
um aquário pintado de duas cores – metade preto e metade branco – e media o
tempo que passavam em cada uma das partes. Assim, observou que eles ficavam a
maior parte do tempo (cerca de 80%) no lado negro. Viu também que, uma vez
colocados na parte clara, eles rapidamente nadavam para a parte escura. Esse
trabalho, publicado em 1999 no Brazilian Journal of Medical and
Biological Research, começou a estabelecer a base de um importante teste de
ansiedade, aprimorado em seguida por ela e outros pesquisadores e hoje
utilizado para avaliar o efeito de compostos que combatem a depressão e a
ansiedade.
Ansiedade
Ao ver esse trabalho, o psicólogo Amauri Gouveia Junior, então na Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Bauru, notou uma grande semelhança entre o teste
do claro-escuro em zebrafish e um experimento que avalia o
nível de ansiedade em roedores. Nesse teste, o roedor é colocado em uma
plataforma em X a cerca de 60 centímetros do chão. Em dois dos braços, o espaço
para caminhar é protegido por paredes, enquanto nos outros dois é aberto. Uma
vez no labirinto, os ratos, curiosos, apresentam a tendência de explorá-lo. Mas
passam a evitar a parte aberta. Essa ansiedade resulta de um conflito entre a
curiosidade e o medo. “O tempo que os peixes passavam no lado escuro era muito
semelhante àquele que os roedores ficavam na parte protegida do labirinto”,
conta Gouveia. “Por isso imaginei que os dois testes pudessem medir a ansiedade
em animais diferentes.” Desde então, ele aplicou o teste de claro-escuro a 12
espécies de peixe, o zebrafish entre eles, para avaliar
ansiedade em peixes. “É um dos testes mais adotados hoje em laboratórios de
estudos de peixe no mundo todo”, conta Gouveia, hoje pesquisador na
Universidade Federal do Pará.
A fase seguinte é testar compostos que
interferem nesse comportamento para tentar descobrir como eles o alteram. Com
alguns desses testes padronizados, os pesquisadores brasileiros já identificam
alterações químicas e celulares no cérebro, provocadas por crises de epilepsia
ou por compostos que controlam a depressão e a ansiedade. Na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), onde instalou um laboratório dezebrafish há
dois anos, a geneticista Cláudia Maurer-Morelli e sua aluna de mestrado
Patrícia Barbalho viram que os níveis de uma molécula inflamatória, a
interleucina 1-beta, aumentaram logo após uma crise epiléptica induzida. As
crises também elevam a produção e a atividade do fator neurotrófico derivado do
cérebro (BDNF), uma proteína que em humanos está alterada na epilepsia, como
mostraram os resultados publicados por Fernanda Reis-Pinto em 2012 no Journal
of Epilepsy and Clinical Neurophysiology. Numa linha de pesquisa em fase
inicial, Cláudia planeja produzir peixes com alterações genéticas encontradas
em pessoas com epilepsia para investigar o papel dessas mutações na doença. O
trabalho integra o Instituto Brasileiro de Neurociências e Neurotecnologia, um
dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão financiados pela FAPESP, coordenado
por Fernando Cendes.
Embora os primeiros trabalhos com zebrafish tenham
sido feitos em São Paulo, cerca de metade dos artigos brasileiros dos últimos
anos é de equipes do Rio Grande do Sul, boa parte em neurociências. Segundo
Monica Vianna, uma razão histórica explica a concentração dos trabalhos
brasileiros com paulistinha em neurociências. Tanto ela quanto Carla Bonan, da
PUC-RS, uma das primeiras a instalar um laboratório dezebrafish no
Brasil, haviam feito parte de seu treinamento no grupo de Iván Izquierdo na
UFRGS, um dos principais estudiosos da memória no mundo. Depois de trabalhar
com roedores no mestrado e no doutorado, Carla e Monica decidiram investir nozebrafish.
Nos últimos anos, Carla mostrou que nesses peixes os níveis de algumas
moléculas que atuam na comunicação entre as células cerebrais – o trifosfato de
adenosina e um de seus componentes, a adenosina – desempenham um papel protetor
contra a epilepsia, o estresse e a neurotoxicidade induzida por metais.
Reprodução
Na PUC-RS, Monica e sua equipe trabalharam meses até chegarem à estratégia mais eficiente de promover o acasalamento dos peixes no Laboratório de Biologia e Desenvolvimento do Sistema Nervoso. Ela só conseguiu aumentar a taxa reprodutiva quando reuniu os participantes em grupos de três (uma fêmea e dois machos) e os manteve separados por uma divisória transparente – machos de um lado e fêmeas do outro – durante toda uma noite antes que pudessem finalmente ter contato. “Se não os separo, cada fêmea produz menos de uma dezena de ovos”, conta a bióloga. Já com o isolamento e as 12 horas de namoro a distância, esse número pode aumentar para cerca de 200. Lá ocorrem cerca de dez acasalamentos por dia e nascem, em média, 2 mil filhotes por mês. Em uma manhã excepcionalmente produtiva de maio deste ano, Monica e sua equipe passaram horas recolhendo um a um, com uma pipeta, os cerca de 1.800 embriões que resultaram de um único acasalamento de algumas dezenas de trios de zebrafish, que ela vem usando para investigar a bioquímica da memória e de doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer.
Na PUC-RS, Monica e sua equipe trabalharam meses até chegarem à estratégia mais eficiente de promover o acasalamento dos peixes no Laboratório de Biologia e Desenvolvimento do Sistema Nervoso. Ela só conseguiu aumentar a taxa reprodutiva quando reuniu os participantes em grupos de três (uma fêmea e dois machos) e os manteve separados por uma divisória transparente – machos de um lado e fêmeas do outro – durante toda uma noite antes que pudessem finalmente ter contato. “Se não os separo, cada fêmea produz menos de uma dezena de ovos”, conta a bióloga. Já com o isolamento e as 12 horas de namoro a distância, esse número pode aumentar para cerca de 200. Lá ocorrem cerca de dez acasalamentos por dia e nascem, em média, 2 mil filhotes por mês. Em uma manhã excepcionalmente produtiva de maio deste ano, Monica e sua equipe passaram horas recolhendo um a um, com uma pipeta, os cerca de 1.800 embriões que resultaram de um único acasalamento de algumas dezenas de trios de zebrafish, que ela vem usando para investigar a bioquímica da memória e de doenças neurodegenerativas como o mal de Alzheimer.
Com a expectativa de que a demanda por
exemplares do peixe possa crescer nos próximos anos, os grupos de Monica, Carla
e os colegas que compartilham o biotério da PUC-RS trabalham na sua ampliação.
É que os 5 mil peixes mantidos ali hoje são suficientes apenas para suprir os
estudos conduzidos por eles e alguns colaboradores. A meta é tornar esses
laboratórios um dos principais fornecedores desse zebrafish para
pesquisa no Brasil, ao lado do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em
Campinas, onde a equipe do biólogo José Xavier Neto instalou no ano passado um
biotério para produzir zebrafish com alterações genéticas para
o estudo do desenvolvimento de vertebrados. Comparando o desenvolvimento
embrionário de peixes, galinhas e camundongos, a equipe de Xavier começou a
elucidar nos últimos anos o papel de alguns fatores envolvidos na diferenciação
do coração dos vertebrados e no desenvolvimento de neurônios sensoriais.
Uma das razões para aumentar a produção
do peixe é que há um potencial mercado. A Lei Arouca, que regulamenta o uso de
animais em pesquisa, determina que a partir de 2014 sejam usados exemplares de
origem, qualidade e uniformidade certificadas. “Em princípio”, diz Monica, “não
será mais possível fazer pesquisa com peixes comprados em lojas de animais”.
Fonte: Revista Fapesp - | Edição 209 - Julho de 2013 - RICARDO ZORZETTO e MARIA GUIMARÃES Imagens: LÉO RAMOS, NATALIA ELTZ SILVA, LAURA ROESLER NERY
Artigos
científicos
MUSSULINI, B.H. et al. Seizures Induced by Pentylenetetrazole in the adult zebrafish: a detailed behavioral characterization. PLos One. v. 8. Jan. 2013.
MUSSULINI, B.H. et al. Seizures Induced by Pentylenetetrazole in the adult zebrafish: a detailed behavioral characterization. PLos One. v. 8. Jan. 2013.
REIS-PINTO, F. C. et al. Análise temporal dos
transcritos dos genes bdnf e ntrk2 em cérebro de zebrafish induzido à crise
epiléptica por pentilenotetrazol. Journal of Epilepsy and
Clinical Neurophysiology. v. 18, n. 14, p. 107-13. 2012.
CASTILLO, H. A. et al. Insights into the organization of dorsal spinal
cord pathways from an evolutionarily conserved raldh2 intronic enhancer. Development.
v. 137, p. 507-18. 2010.