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“Só engenheiros não são suficientes. Vamos chamar fisioterapeutas,
por exemplo, para estudar mais profundamente o gesto de andar, que não é
tão simples quanto parece. Envolve músculos, articulações, força para
os movimentos”, explica professor Mário Francisco Guerra Boaratti,
coordenador do curso de Automação Industrial da Faculdade de Ciências
Exatas e Tecnologia da Metodista.
Os planos são de, entre este ano e 2015, compreender efetivamente a
marcha humana e desenvolver um protótipo que possa se manter de pé e ser
usado por uma pessoa. “Já em 2015 queremos transformar nosso grupo de
estudos em um projeto de pesquisa inovadora e buscar patrocínio para,
enfim, construir os dispositivos”, anseia professor Boaratti, que tem na
equipe também o professor Vinicius Vono Peruzzi. Ambos estão convidando
outros docentes e alunos da Metodista para reforçar o grupo,
principalmente em algoritmos, programação e inteligência artificial.
Movimento no fêrmur e joelhos
O exoesqueleto da Facet, que foi doado à faculdade pelos alunos que o
criaram, é um conjunto de alavancas que realiza movimentos, mas sem
controle. O protótipo pesa 18 quilos e tem quatro motores: nos dois
joelhos, fêmur e bacia. Embora a região do tornozelo não tenha
motorização, conta com sistema de articulação e molas que auxiliam na
movimentação. Já houve aprimoramentos: antes o exoesqueleto apenas
chutava e hoje levanta o fêmur e contrai os joelhos de modo mais
controlado.
A próxima etapa é estabelecer uma programação em algoritmos
(software) para controle retroativo mais eficiente dos passos e do
equilíbrio das pernas, visando a mantê-las de pé. Também será
desenvolvido um programa para administrar a velocidade de rotação dos
motores.
“A questão do equilíbrio é importante porque assemelha-se ao pêndulo
invertido: é como equilibrar uma vassoura na ponta do dedo e precisamos
estabilizar isso”, explica o professor de Automação Industrial da
Metodista, satisfeito pelo fato de a instituição integrar o rol de
universidades e empresas que estudam esses dispositivos ortopédicos. “Os
Estados Unidos estão muito avançados nisso e próximos de fazer seus
soldados biônicos”, cita como referência.
23 peças, nove meses
O crescente problema de mobilidade reduzida nas pernas, seja pela
longevidade humana, seja por doenças e acidentes de trânsito, foi a
motivação dos alunos Fernando Augusto
Rocha, Luiz Alberto Alves e Ronaldo Neves, de Engenharia da Computação, para desenvolver o Trabalho de Conclusão de Curso sobre o exoesqueleto. Os alunos criaram metodologia própria, que incluiu estudos sobre biomecânica (teoria dos movimentos da marcha humana) e soluções de hardware e software para a automatização do protótipo. Foram desenvolvidas 23 peças em nove meses, mas as pesquisas consumiram pelo menos 12 meses devido a alterações que ocorreram durante as atividades, conta Luiz Alberto.
O protótipo foi feito com alumínio naval. De acordo com os alunos,
para o desenvolvimento da proposta foram investidos aproximadamente R$
3.450 – considerando a cotação do dólar ao final de 2012 (R$ 2,08), o
custo foi de cerca de US$ 1.653. Eles estimaram à época que o modelo
produzido por uma empresa japonesa deva ser comercializado entre US$ 19
mil a US$ 50 mil.
O exoesqueleto foi uma das atrações apresentadas no XVII Congresso de
Iniciação e Produção Científica da Metodista, dias 21, 22 e 23 de
outubro último, quando foram reunidos 904 trabalhos de pelo menos 35
escolas superiores.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista - 24/10/2014
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