A taxa de mortalidade de pessoas com mais de 20 anos de idade por cardiopatia isquêmica, como infarto do miocárdio, que havia caído no Brasil durante a segunda metade do século passado, parou de decrescer e atingiu uma aparente estabilidade entre o ano 2000 e 2010. A constatação faz parte de um estudo liderado por Cristina Baena, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que analisou o número absoluto de mortes registradas oficialmente no Brasil por essa causa e a comparou com informações demográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas essa alteração não é a mais significativa revelada pelo estudo, publicado eletronicamente no dia 25 de julho na revista Heart, em colaboração com outros pesquisadores da PUCPR, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e da Universidade de Roterdã, na Holanda. Os registros do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde indicam que nas regiões Sul e Sudeste o número de pessoas que morreram em consequência de cardiopatia diminuiu entre 2000 e 2010, mas o contrário se verificou no Norte e no Nordeste. De acordo com Cristina, a diferença não se deve à imprecisão de registros nas áreas mais pobres. “Em nossos métodos fizemos a análise ajustada para as subnotificações”, explica. As distintas taxas de mortalidade por cardiopatia refletem as disparidades socioeconômicas que separam o Norte e o Sul do Brasil em razão dos índices de desenvolvimento humano, taxas de alfabetização e estruturas de atendimento à saúde. Se as tendências se mantiverem, o estudo alerta, essa divergência se agravará até 2015. Segundo os autores, é hora de prestar atenção nessa variação regional para traçar políticas públicas que atendam às necessidades específicas das diferentes áreas do país na busca por combater as doenças cardiovasculares.
Fonte: Revista Fapesp on line - edição 213 - novembro/2013
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