Colaboradores

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Pós-graduação em Citologia Diagnóstica


O estudo das alterações celulares foi relatado desde a Grécia antiga e tomou grandes proporções na segunda metade do século XX com a padronização da metodologia de Papanicolau. A citopatologia ocupa lugar de destaque na formação e na carreira do biomédico, pois proporciona ao profissional desenvolver trabalhos nas áreas de pesquisa e diagnóstico; participar dos programas de prevenção de doenças, como o câncer do colo uterino, líquidos cavitários, citologia mamária e de tireóide, bem como, suas lesões precursoras; atuar também em controle de qualidade em laboratório de citopatologia.
Diferencial do curso                     
As atividades discentes desenvolvem-se a partir de uma construção que privilegia a interface entre as disciplinas e entre as áreas de conhecimento, como a discussão dos conteúdos nas disciplinas básicas da área médica. Objetiva-se, assim, atingir um diálogo produtivo entre as atividades propostas em Análise dos exames citopatológicos. O curso apresenta um perfil moderno de análise de casos citopatológicos com intenso estudo prático utilizando lâminas de rotina para análise e diagnóstico citomorfológico em todos os módulos.Discussão de casos e comentários de modo virtual simulando o diagnóstico. Compreensão das políticas de prevenção de câncer de colo uterino e mama. Monitoramento da qualidade interna e externa de Laboratórios de citopatolgia.


Objetivos
  • Rever conceitos básicos de Anatomia, fisiologia, histologia, patologia geral e especial e citopatologia;
  • Preparar o aluno para colheita de material oriundo de derrames cavitários, líquido cefalorraquiano, punção aspirativa por agulha fina de mama, tireóide, citologia de escarro e raspado cérvico-vaginal;
  • Preparar e analisar o material oriundo destes tecidos lesados observando as alterações citomorfológicas que identificam as doenças;
  • Prepara o aluno para programas de gerenciamento de serviço de citopatologia e montagem e manutenção do programa de controle de qualidade interno e externo;
  • Preparar o aluno para elaboração de programas de controle de câncer de colo uterino no âmbito populacional;
  • Estimular o interesse do aluno a desenvolver programas de prevenção e pesquisa;
  • Especializar o aluno na leitura do material e diagnóstico final das lesões através da
interpretação de alterações celulares.

Matriz Curricular
Módulo 1
Patologia Geral 
Metodologia em citologia 
Biologia Celular
Anatomia e Histologia dos epitélios
Metodologia da Pesquisa
Biologia Molecular Aplicada
Citologia em meio líquido 

Módulo 2 
Citologia Ginecológica 

Módulo 3 
Líquidos Cavitários 
Citologia Mamária 
Citopatologia de Orofaringe e cavidade oral.
Citologia de tireóide
Citologia de trato respiratório

Módulo 4 
Leitura de lâminas – Treinamento

Módulo 5 
Orientação de Monografia

Público-alvo                   
O curso destina-se a biomédicos, médicos e farmacêuticos-bioquímicos.  
                 
Pré-requisitos
Portadores de diploma de curso superior devidamente registrado.             

Seleção                 
Análise curricular. Havendo necessidade de dirimir possíveis dúvidas quanto ao perfil, formação e experiências profissionais do candidato, será efetuada uma entrevista com a coordenação do curso.



       
                              

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Movimento pelo cérebro: Exercício físico durante a gestação e a infância tem efeitos duradouros no desempenho intelectual


Revista Pesquisa FAPESP
Podcast: Sergio Gomes
00:00 / 18:24
Se você quer aumentar as chances de seus filhos terem um bom desempenho intelectual e profissional, a pior coisa que pode fazer é substituir radicalmente exercício físico por tempo de estudo na cadeira. Mais do que isso, o ideal é a mãe ter suado a camisa desde a gestação, de acordo com o neurocientista Sérgio Gomes da Silva, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo.
Gomes da Silva usa ratos como modelo de pesquisa para entender os efeitos da atividade física no desenvolvimento do cérebro. Nos resultados mais recentes, publicados em janeiro na revista PLoS One, ele e colaboradores mostram que filhotes de roedoras que se exercitaram numa esteira durante a gestação têm o hipocampo turbinado. Neles, essa região do cérebro especialmente envolvida com funções ligadas a memória, aprendizado e emoções apresenta mais células e mais fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), uma proteína que regula processos de proliferação, desenvolvimento e diferenciação das células cerebrais. Longe de ser apenas detectada nas minúcias celulares, essa diferença se revela também no comportamento, como em testes que avaliam a velocidade com que o animal aprende a reconhecer um território experimental. Numa arena em que o ratinho precisava memorizar pontos de referência, os filhotes das mães de academia aprendiam mais rapidamente. “Os índices de inteligência são melhores”, conta o pesquisador.
Em trabalhos anteriores feitos em colaboração com Ricardo Mario Arida, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em cujo laboratório Gomes da Silva fez doutorado e pós-doutorado, ele já tinha mostrado que o exercício físico na adolescência deixava os ratos mais espertos. Em testes de memória espacial feitos em pequenas piscinas nas quais os animais aprendem a encontrar uma plataforma submersa onde possam se apoiar, os roedores que tinham seguido um programa de exercícios se saíam melhor, de acordo com artigo publicado em 2012 na revistaHippocampus. O responsável aí também parece ser o BDNF, que aparece em maior quantidade e supostamente contribui para a formação de fibras nas células do hipocampo que melhoram o desempenho dessa região do cérebro. Além disso, de acordo com o pesquisador, esses animais também têm mais interneurônios, células que permitem cancelar informações irrelevantes no ambiente e concentrar-se em alguma tarefa. Numa analogia com uma situação humana, trata-se da capacidade de estudar sem prestar atenção na televisão ligada ou na pressão da cadeira nas costas.
O mais importante é que esse efeito se mantém na idade adulta, no caso dos ratos. “Quando alguém para de fazer exercício físico, logo perde massa muscular”, compara Gomes da Silva. “Mostramos que com o cérebro é diferente: se ele foi formado de maneira enriquecida, as alterações no desenvolvimento causadas durante a infância se mantêm pela vida toda.” Faz sentido, porque o cérebro não nasce pronto. No caso humano o órgão, que tem um peso por volta de 300 gramas ao nascimento, só chega a seu tamanho final de 1,5 quilograma no final da adolescência.
O neurocientista também encontrou sinais de benefícios duradouros da atividade física na infância em testes de epilepsia induzida. Em artigo publicado em 2011 na revistaInternational Journal of Developmental Neuroscience, ele mostrou que um grupo de 14 ratos que seguiu um programa de exercícios na esteira durante a infância e adolescência teve convulsões muito mais leves ao receber injeções de uma substância indutora, em relação aos 14 companheiros que levaram uma vida mais preguiçosa. O achado se encaixa na hipótese da reserva neural, que postula que o maior número de células resultante da formação do cérebro nessas condições enriquecidas gera estruturas mais complexas e versáteis. Se uma parte dos neurônios falha, há outros que podem assumir as funções e corrigir o erro.
© NEGREIROS
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Do rato ao homem
A grande conquista desse trabalho veio em 2013. Naquele ano, Gomes da Silva viu seu artigo mencionado num estudo sueco liderado por Jenny Nyberg, da Universidade de Gotemburgo, mostrando que o exercício físico na adolescência resulta numa proteção contra epilepsia pelo resto da vida. Nesse caso, se tratava de uma grande população de seres humanos. “Meu estudo com 28 ratos encontrou eco em um grupo de mais de 1 milhão de pessoas”, diz. O grupo sueco tirou proveito de dados de alistamento militar entre 1968 e 2015 e avaliou as fichas médicas dessa população – no caso dos mais velhos, foi um acompanhamento de até 40 anos. Os resultados mostraram que um mau condicionamento físico aos 18 anos estava relacionado com um risco maior de epilepsia na idade adulta, e também que a boa forma tem um efeito protetor duradouro contra morte prematura, doenças cardiovasculares, depressão e diabetes.

Para Jenny, esses resultados – e outros – são um indício convincente de que o exercício físico ajuda a formar um cérebro mais plástico e robusto, tanto em animais como em seres humanos. Para ela, a complementaridade entre estudos com pessoas e cobaias tem se mostrado produtiva. “Os mecanismos e processos fisiológicos são muito mais difíceis de estudar em seres humanos”, conta. “Nos animais podemos olhar o cérebro e ver o que de fato acontece e ter uma compreensão do porquê de a atividade física ser positiva para a saúde do cérebro.” Seu grupo também detectou uma correlação entre um mau desempenho físico e cognitivo aos 18 anos e a ocorrência de demência precoce, conforme mostra artigo publicado em 2014 na revista Brain.
No Brasil, indícios da semelhança entre os resultados com roedores e o que acontece com pessoas vêm do trabalho do educador físico Marlos Domingues, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Ele tirou proveito de estudos de acompanhamento de longo prazo feitos nessa cidade gaúcha para avaliar os efeitos da atividade física durante a gestação no desenvolvimento neurológico dos fetos.
Em um acompanhamento feito com quase 4 mil bebês nascidos em 2004, o grupo mostrou um melhor desempenho de filhos de mães ativas em testes cognitivos ao longo do primeiro ano de vida, uma diferença observada sobretudo nos meninos. Nos anos seguintes, o efeito gradualmente se perdeu, de acordo com artigo publicado em 2014 na PLoS One. “A partir dessa idade, outros fatores ambientais começam a influenciar”, explica Domingues. Nos seres humanos, uma imensa gama de fatores ambientais pode afetar o desenvolvimento cognitivo, como interações sociais e o acesso à leitura. Por isso, o pesquisador defende que a escolaridade da mãe influencia o QI dos filhos, além de ser associada à prática esportiva, em sua experiência. Essa dificuldade de destrinchar os fatores em humanos evidencia a importância dos estudos com roedores. “Nos ratos não há diferença de escolaridade”, brinca.
O pesquisador gaúcho não descarta, porém, efeitos no longo prazo. “Daqui a 30 anos pode haver uma diferença”, especula, em consonância com o que Gomes da Silva tem observado nos ratos adultos. Embora os pesquisadores de Pelotas monitorem a população do município gaúcho desde os anos 1980, só em 2004 eles questionaram as mães sobre a prática de atividade física durante a gravidez. Mesmo assim foi uma avaliação bastante superficial, baseada em questionário respondido depois que já tinham dado à luz. “Em 2015 coletamos uma informação mais qualificada, com medições em acelerômetros durante a gestação”, conta. Só daqui a alguns anos será possível saber se dessa maneira se detectará um sinal mais forte dos benefícios dessa prática de exercícios.
© SÉRGIO GOMES DA SILVA / ALBERT EINSTEIN
Ratos exercitados (direita) formam mais conexões neuronais no giro dentado, uma parte do hipocampo ligada a certas memórias, como na exploração de ambientes
Distinção de gênero
A diferença entre meninos e meninas sugerida pelo estudo de Pelotas também foi detectada no estudo liderado por Irene Esteban-Cornejo, da Universidade de Madri, na Espanha, que analisou quase 2 mil crianças entre 6 e 18 anos de idade. Os resultados, publicados este ano na revista The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine, mostram que mães fisicamente ativas têm filhos que se saem melhor na escola de acordo com vários índices de desempenho, inclusive em linguagem e matemática – mesmo que as próprias crianças não sigam o padrão de atividade das mães. O efeito se mostrou melhor se o exercício é uma prática anterior à gravidez e se mantém ao longo dela: não basta correr para a academia quando o teste dá positivo. Nas meninas, o mesmo efeito não parece acontecer. Ainda não se sabe exatamente a razão, mas a explicação mais aceita parece ser que elas já têm o cérebro naturalmente mais turbinado em termos de células e conexões, e por isso os benefícios ambientais encontram pouco espaço para contribuir.

Sérgio Gomes da Silva alerta para a importância do conhecimento que se desenha a partir desses estudos no sentido de orientar as práticas escolares. “Por lei, as escolas brasileiras precisam oferecer atividade física duas horas por semana”, diz, “mas a Organização Mundial da Saúde recomenda uma hora todos os dias para adolescentes, que pode ser dividida em duas sessões”. É provável que o equilíbrio entre exercício e leitura precise ser revisto pelas escolas e famílias, se o objetivo é o bom aprendizado e o sucesso profissional futuro.
Projetos
1. Exercício físico e desenvolvimento cerebral pré-natal: um estudo em filhotes de ratas submetidas ao exercício físico durante a gestação (nº 2010/11353-3); ModalidadeBolsa no País – Regular – Pós-doutorado; Pesquisador responsável Ricardo Mario Arida (EPM-Unifesp); Beneficiário Sérgio Gomes da Silva; Investimento R$ 226.782,32.
2. Estudo da plasticidade cerebral induzida pelo exercício físico (nº 2009/06953-4);Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Ricardo Mario Arida (EPM-Unifesp); Investimento R$ 324.748,94.

Artigos científicos
GOMES DA SILVA, S. et al. Early exercise promotes positive hippocampal plasticity and improves spatial memory in the adult life of rats. Hippocampus. v. 22, n. 2, p. 347-58. fev. 2012.
GOMES DA SILVA, S. et al. Early physical exercise and seizure susceptibility later in life. International Journal of Developmental Neuroscience. v. 29, n. 8, p. 861-65. dez. 2011.
NYBERG, J. et al. Cardiovascular fitness and later risk of epilepsy – A Swedish population-based cohort study. Neurology. v. 81, n. 12, p. 1051-7. 17 set. 2013.
ESTEBAN-CORNEJO, I. et al. Maternal physical activity before and during the prenatal period and the offspring’s academic performance in youth. The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine. v. 29, n. 9, p. 1414-20. mai. 2016.

Fonte: Revista Fapesp on line  maio/2016
Por: Maria Guimarães 


Confirmado caso de bebê sem microcefalia com lesão cerebral e ocular causada por zika

Em texto publicado na revista The Lancet, pesquisadores brasileiros afirmam que vírus pode causar uma síndrome congênita de amplo espectro, que pode ou não incluir microcefalia

© WIKIMEDIA COMMONS
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Em texto divulgado nesta quinta-feira (07/06) na revista The Lancet, pesquisadores brasileiros descreveram o caso de um bebê nascido sem microcefalia, mas com lesões severas no cérebro e na retina causadas pelo vírus zika.

A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Fundação Altino Ventura, de Pernambuco – entidade filantrópica que presta assistência oftalmológica à população carente do Estado considerado como o epicentro da epidemia de zika.
O grupo avaliou o caso de uma criança que nasceu com 38 semanas de gestação, 3,5 quilos e perímetro cefálico medindo 33 centímetros – valor considerado normal para a idade. No momento do exame, o bebê tinha 57 dias.
“O menino nasceu aparentemente normal e, como não tinha microcefalia, os pais o levaram para casa. Após alguns dias, começou a ter convulsão. Voltou para o hospital e foi detectada calcificação cerebral, além de aumento dos ventrículos e lesão grave na retina, semelhante aquelas encontradas em bebês com microcefalia”, contou Rubens Belfort, professor da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp, e coautor do estudo.
A mãe não apresentou sintomas da doença durante a gravidez, mas, após serem descartadas outras infecções associadas a malformações congênitas, um exame do líquor da criança mostrou a existência de anticorpos contra o zika.
Segundo Belfort, as manifestações observadas nesse caso se enquadram no que vem sendo chamado de Síndrome Congênita do Zika, que tem um amplo espectro e diferentes manifestações. Pode ou não incluir microcefalia, bem como lesões cerebrais, oculares, auditivas, espasmos e convulsões.
“Não dá para excluir a infecção pelo zika só porque a microcefalia não está presente. A microcefalia é um fator de risco para a presença de lesões cerebrais e oculares, mas não é uma pré-condição absoluta. Por isso é necessário testar as mães para o zika durante o pré-natal e, quando der positivo, acompanhar as crianças após o nascimento e fazer a oftalmoscopia”, disse Belfort.
Considerada um exame simples de ser feito, a oftalmoscopia permite visualizar as estruturas do fundo de olho, como o nervo óptico, os vasos retinianos, e a região central da retina denominada mácula.
Segundo o pesquisador, há outros casos semelhantes sendo avaliados e devem ser confirmados em breve. “Resolvemos já divulgar este primeiro para a informação científica circular mais rápido”, contou.
Fatores de risco
No início de 2016, o mesmo grupo de pesquisadores mostrou pela primeira vez, em artigo publicado na revista The Lancet, que, além de microcefalia, a infecção pelo vírus zika durante a gestação pode causar atrofia na retina e até mesmo cegueira nos recém-nascidos.


Em maio, em artigo publicado na revista JAMA Ophthalmology, revelaram que a probabilidade de ocorrer lesões oftalmológicas graves é maior em filhos de mães que relataram sintomas da doença no primeiro trimestre de gestação. Ainda segundo o estudo, quanto menor for o perímetro cefálico do recém-nascido, maiores as chances de problemas na retina.
“É comum a ocorrência de cegueira entre bebês com microcefalia, mas as lesões encontradas nos filhos de mulheres que relataram sintomas de zika durante a gestação são diferentes e bem específicas. Mas ainda havia dúvida se, de fato, o problema teria sido causado pelo vírus. Neste estudo, nós excluímos as outras possíveis causas de cegueira”, contou Belfort.
A pesquisa foi feita com 40 crianças microcefálicas nascidas de mães que contraíram zika durante a gravidez. Os bebês tinham entre um e sete meses de idade na época da avaliação e foram divididos em dois grupos: com e sem alterações detectadas na oftalmoscopia.
Todos os bebês passaram por exames para descartar doenças causadoras de cegueira congênita, como rubéola, herpes, toxoplasmose, sífilis, citomegalovírus e HIV/Aids.
O teste capaz de detectar a presença de anticorpos contra o vírus zika no líquor foi aplicado em 24 dos 40 bebês incluídos na pesquisa e todos apresentaram resultado positivo. Belfort explicou que o método diagnóstico não foi aplicado em todos os participantes porque ainda não estava disponível quando a avaliação começou.
O índice de positivo para o zika foi de 63,6% no grupo com alterações na retina e de 55% no grupo sem alteração oftalmológica (o índice provavelmente seria maior se todas tivessem feito o teste sorológico). “Os dados deixam claro que a infecção pelo vírus zika leva à microcefalia e à cegueira em grande parte das crianças”, disse o pesquisador.
Todas as mães dos bebês participantes responderam a um questionário em que relataram os principais sintomas vivenciados na gestação. O mais frequente nos dois grupos foi erupção cutânea (65%), seguido por febre (22,5%), dor de cabeça (22,5%) e dor nas articulações (20%). Nenhuma delas relatou conjuntivite ou outros sintomas oculares.
Mais de 70% das mães de crianças com problemas oftalmológicos afirmaram ter apresentado os sintomas no primeiro trimestre de gestação.
“Observamos que as lesões na retina eram mais graves nos filhos de mães que se infectaram no primeiro trimestre – grande parte da retina era inexistente nesses casos. Nossa hipótese é que, assim como ocorre no cérebro, o vírus não deixa parte da retina se desenvolver”, disse Belfort.
Com o intuito de ampliar o entendimento sobre os danos causados pela infecção, os pesquisadores continuam acompanhando as crianças de Pernambuco e também um grupo de bebês da Bahia. Além disso, estão sendo estudadas as placentas das mães que deram à luz filhos com microcefalia.
Artigos científicos
VENTURA, C. et al. Zika: neurological and ocular findings in infant without microcephalyThe Lancet. on-line 07 jun. 2016.

Fonte: Revista Fapesp on line  junho/2016
Por Karina Toledo