Colaboradores

sábado, 23 de abril de 2011

Mix de energético e bebida alcoólica é pior que álcool puro

Misturar bebidas energéticas com álcool é mais arriscado do que beber álcool sozinho, de acordo com um novo estudo norte-americano.
"Os jovens estão bebendo de uma maneira diferente da que bebiam no passado", disse Cecile A. Marczinski, professora de psicologia na Northern Kentucky University e autora do estudo.
"Clássicas bebidas mistas, como rum e Coca-Cola, foram substituídas por drinques que misturam energético e vodca."
Os resultados do trabalho mostram que as substâncias estimulantes dos energéticos alteram a percepção cognitiva, aumentando a tendência a comportamentos de risco.
"Um consumidor de bebida alcoólica age de forma impulsiva. No entanto, quem bebe álcool com energético se sente mais estimulado. Portanto, o consumo da combinação configura um cenário arriscado devido ao aumento da sensação de estímulo e dos níveis de impulsividade", diz Marczinski.



COMO FOI FEITO O ESTUDO



A professora e seus colegas separaram aleatoriamente 56 estudantes universitários, entre 21 e 33 anos, em quatro grupos.
Um deles recebeu apenas álcool; o outro, as bebidas energéticas; o terceiro grupo recebeu os dois juntos; e o grupo final, uma bebida suave.
Os participantes tiveram que relatar como se sentiam: estimulados, sedados, enfraquecidos ou intoxicados
"Os resultados fornecem evidência laboratorial concreta de que a mistura de bebidas energéticas com álcool é mais arriscada do que o álcool sozinho", afirma Marczinski.
O estudo será publicado na edição de julho da revista "Alcoholism: Clinical & Experimental Research".


Fonte: Folha on line - Equilibrio e Saúde - 19/04/2011


Imagem: Apu Gomes/Folhapress

Cientistas criam 'nariz eletrônico' que pode ajudar a diagnosticar câncer

BBC - Brasil



Pesquisadores israelenses dizem ter desenvolvido um "nariz eletrônico" que foi capaz de identificar sinais químicos de câncer no hálito de pacientes que sofrem de tumores no pulmão e em regiões do pescoço e da cabeça.
A expectativa é de que o aparelho seja desenvolvido para, no futuro, ajudar a diagnosticar a doença, por meio de testes semelhantes aos de bafômetros, segundo um estudo preliminar publicado no periódico British Journal of Cancer.
No entanto, uma organização britânica de estudos do câncer afirma que ainda serão necessários anos de estudo até que a novidade possa ser usada em clínicas.
O estudo israelense envolvendo o "nariz eletrônico", chamado de Nano Artificial NOSE, contou com cerca de 80 voluntários, dos quais 22 sofriam de câncer nas áreas da cabeça e do pescoço (incluindo nos olhos e na boca) e 24 tinham câncer no pulmão - todos esses tipos de câncer geralmente são identificados tarde, em estágio avançado.
Também participaram 36 voluntários saudáveis. Um protótipo do "teste do bafômetro" usou um método químico para identificar resíduos do câncer presentes no hálito dos pacientes.
Segundo o estudo, o aparelho conseguiu distinguir as moléculas encontradas nos hálitos de pessoas saudáveis das presentes no hálito de pacientes com tumores.

'Necessidade urgente'

O líder da equipe de pesquisas, professor Hossam Haick, do Technion - Israel Institute of Technology, disse que há "uma necessidade urgente de desenvolver novas formas de identificar cânceres na região da cabeça e do pescoço porque seu diagnóstico é complicado e requer exames especializados".
"Em um estudo pequeno e preliminar, mostramos que simples testes de hálito podem perceber padrões de moléculas que são encontradas em pacientes com certos cânceres", agregou Haick. "Agora, precisamos testar esses resultados em estudos maiores, para descobrir se isso pode levar para um potencial método de diagnóstico."
A médica Lesley Walker, do grupo de pesquisa Cancer Research UK, disse que é extremamente importante o esforço de identificar tumores o mais cedo possível, quando as chances de tratamento são maiores.
"Esses resultados iniciais interessantes (do estudo israelense) mostram potencial para o desenvolvimento de um teste de hálito capaz de detectar cânceres geralmente percebidos em um estágio avançado", agregou.
"Mas é importante deixar claro que esse é um estudo pequeno, em um estágio inicial, e que muitos anos de pesquisa serão necessários para descobrir se um teste de hálito poderá ser usado em clínicas."

Fonte: Folha on line - 21/04/2011





Cães aprendem a pedir o que querem em teclado especial

O seu cachorro "pensa"? As cachorrinhas Sofia e Laila, duas SDR (sem raça definida), estão ajudando a desvendar a "mente" canina.
Elas levaram em torno de cinco meses para aprender a usar um teclado com símbolos, "lexigramas", que indicava o que poderiam querer: água, comida, passear e carinho. Tocavam o teclado com o focinho ou com a pata.
"Foi surpreendente", diz o psicólogo César Ades, diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP. "O cão adquire na domesticação uma teoria da mente humana", afirma.
"Teoria da mente" quer dizer a capacidade de ter uma compreensão do comportamento do outro; isso é o que basicamente significa viver em sociedade. Tudo começou com um artigo de David Premack e Guy Woodruff de 1978: "Teria o chimpanzé uma teoria da mente?"
A estrela do estudo, a chimpanzé Sarah, ajudou humanos em situações problemáticas, como pegar bananas em locais inacessíveis.
"O comportamento de Sarah é um feito. Implica colocar-se na perspectiva do outro, uma espécie de empatia cognitiva", diz Ades.
"Quando Alexandre Rossi me procurou para fazer mestrado, foi o modelo do chimpanzé que me veio à mente e propus que fizéssemos o mesmo com um cão", disse.
Rossi virou experimentador de Sofia. Laila, mais nova, veio depois.
"Sofia passou por várias fases de treinamento, do básico até a aquisição da discriminação de lexigramas", diz outra aluna de Ades, Carine Savalli Redígolo.
O cão considera o dono um parceiro, para Ades; é algo que nunca acontece com chimpanzés ou com lobos.
"A pesquisa confirma as mais loucas fantasias dos donos de cães! Ela reconhece o dono, segue sinais, tem mecanismos de apego etc.", diz César Ades.

Por: RICARDO BONALUME NETO
Fonte: Folha de São Paulo - 23/04/2011 - Ciências

Quando amar é um problema

Depressões profundas e, por vezes, tendências suicidas podem resultar do ciúme excessivo e do amor patológico, dois distúrbios mentais identificados há poucos anos que estão ganhando mais atenção. Em um estudo recém-concluído no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Andrea Lorena da Costa, sob orientação de Monica Levit Zilberman, avaliou a frequência de comportamentos excessivos e as características do relacionamento amoroso em 32 pessoas com ciúme excessivo, 33 com amor patológico e 31 saudáveis. Mais danoso que o amor patológico, o ciúme exacerbado pode ser alimentado por situações reais ou imaginárias e combinar raiva, humilhação, medo, tristeza, depressão, insegurança, ansiedade, angústia, traição, rejeição e medo de perder o parceiro ou parceira de modo tão intenso a ponto de causar alterações neurológicas. Pode também ser um efeito adicional do alcoolismo ou do uso de drogas psicoativas.


Fonte: Revista Fapesp abril 2011 edição impressa 182

Imagem: Catarina Bessell

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Células nervosas de pacientes esquizofrênicos cultivadas em laboratório


schizophrenia brain cells
Os pacientes de esquizofrenia podem ter esperanças: uma nova pesquisa vai ajudar os médicos a compreender as causas da doença mental, e avançar na direção da medicina personalizada para o tratamento de doentes.
A esquizofrenia afeta cerca de 1% da população mundial. No estudo, pesquisadores retiraram células da pele de quatro indivíduos com esquizofrenia, e as transformaram em células cerebrais, ou neurônios, para serem cultivadas em laboratório.
Essa é a primeira vez que um transtorno mental complexo foi examinado usando células cerebrais vivas. Os neurônios cultivados em laboratório mostraram poucas conexões entre si, menos do que as conexões encontradas em células cerebrais saudáveis.
Os desafios no estudo de doenças psiquiátricas como a esquizofrenia incluem o acesso limitado às células do cérebro humano, bem como a dificuldade em identificar a influência genética versus ambiente sobre a doença.
Ou seja, ninguém sabe o quanto o ambiente contribui para a doença. Segundo os pesquisadores, crescer neurônios em laboratório ajuda a subtrair o ambiente e começar a se concentrar nos problemas biológicos subjacentes.
A abordagem da pesquisa permite que os cientistas analisem o equivalente aos neurônios do próprio paciente. O método também permite aos pesquisadores testar drogas que funcionem melhor para um determinado paciente, sem que essa pessoa tenha de experimentá-la antes, ou seja, ser uma cobaia.
Quatro pacientes com esquizofrenia e histórico hereditário da doença participaram do estudo. Os cientistas programaram células da sua pele para se tornarem células-tronco indiferenciadas e não especializadas, chamadas células-tronco pluripotentes induzidas. Dessa forma, evitaram remover neurônios dos participantes.
A célula-tronco pluripotente é uma espécie de “lousa em branco”. Segundo os pesquisadores, durante o desenvolvimento, tais células-tronco se diferenciam em muitos tipos de células especializadas, como células musculares, células cerebrais ou células sanguíneas.
A equipe “induziu” as células-tronco a se tornarem células cerebrais, e comparou esses neurônios com os criados a partir de células-tronco pluripotentes induzidas de indivíduos saudáveis.
Os pesquisadores descobriram nos neurônios um vírus da raiva, modificado, que é conhecido por percorrer as conexões entre células cerebrais. Este marcador demonstrou que os neurônios esquizofrênicos se ligam menos frequentemente uns aos outros, e tem poucas projeções de crescimento fora de seus corpos celulares.
A análise genética também mostrou quase 600 genes cuja atividade não estava em boas condições nestes neurônios. 25% desses genes já haviam sido ligados a esquizofrenia em pesquisas anteriores.
A equipe testou a capacidade de cinco drogas antipsicóticas (clozapina, loxapina, olanzapina, risperidona e tioridazina) de melhorar a conectividade neuronal nas células cerebrais dos pacientes com esquizofrenia. Somente a loxapina aumentou significativamente as conexões cerebrais de todos os pacientes esquizofrênicos.
A principal conclusão do estudo é que os resultados podem ajudar a combater o estigma social muitas vezes associados aos transtornos mentais. Algumas pessoas acreditam que os indivíduos doentes podem superar seus problemas mentais se se esforçarem, mas a pesquisa mostrou que existem disfunções biológicas reais nos neurônios dos afetados, independentes do ambiente.

Carne contaminada com bactérias resistentes a antibióticos

Quase um quarto de toda a carne de boi e de frango que foi amostrada em um estudo nos Estados Unidos estava contaminada com Staphylococcus aureus de linhagens resistentes a drogas. Esse é o tipo de bactéria que pode causar várias infecções em humanos, desde uma infecção cutânea pequena até uma pneumonia ou sepse.

O resultado mais assustador desse estudo é o que se refere ao risco do uso de antibióticos na agropecuária.

Pesquisadores do Translational Genomics Research Institute, um centro de pesquisa biomédica sem fins lucrativos de Phoenix (EUA), analisaram 136 amostras de carne bovina, suína, de frango e de peru de 80 fornecedores diferentes. As amostras foram compradas de 26 supermercados ou açougues de cinco cidades americanas

47% das amostras continham S. aureus. Destas, 52% eram linhagens resistentes a pelo menos 3 classes de antibióticos. Testando o DNA das bactérias, descobriu-se que os animais eram as fontes de contaminação, e não o manuseio posterior por humanos.

Antibióticos são rotineiramente utilizados para aumentar o crescimento e prevenir doenças nas criações de gado superlotadas. A FDA (órgão americano que controla alimentos e medicamentos) pediu que os criadores diminuíssem esse uso, temendo que os antibióticos se tornem cada vez menos efetivos nas doenças humanas. Cerca de 11000 pessoas morrem todos os anos por infecção de S. aureus nos EUA. Mais da metade delas, por causa da "superbactéria" - a linhagem de S. aureus que resiste à meticilina (MRSA).

A FDA informou a população de que o risco direto de infecção pelo consumo da carne contaminada é minimizado pelo cozimento e lavando muito bem tudo que tiver contato com a carne crua (outros alimentos e/ou objetos). Mas aponta que o pior risco é realmente a diminuição da eficácia dos antibióticos.

Artigo original (link).

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A teia neural da esquizofrenia

Células de pele convertidas em neurônios mostram alterações biológicas ligadas à doença
Por: Ricardo Zorzetto

Pesquisadores norte-americanos deram um passo importante para identificar as causas biológicas da esquizofrenia, conjunto de transtornos mentais graves que atingem cerca de 60 milhões de pessoas no mundo – por volta de 1,8 milhão no Brasil – e se caracterizam por distanciamento emocional da realidade, pensamento desordenado, crenças falsas (delírios) e ilusões (alucinações) visuais ou auditivas. Alguns desses sinais são semelhantes aos apresentados pelo jovem Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que no início de abril matou 12 crianças em uma escola no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, antes de se suicidar. A equipe coordenada pelo neurocientista Fred Gage, do Instituto Salk, na Califórnia, conseguiu transformar células da pele de pessoas com esquizofrenia em células mais imaturas e versáteis. Chamadas de células-tronco de pluripotência induzida (iPS, na sigla em inglês), essas células foram depois convertidas em neurônios, uma das variedades de células do tecido cerebral, segundo artigo publicado ontem na versão online da revista Nature. Essa mudança forçada de função gerou o que os pesquisadores acreditam ser cópias fiéis, ao menos do ponto de vista genético, das células do cérebro de quem tem esquizofrenia, que, por óbvios motivos éticos, antes só podiam ser analisadas depois da morte. Como são geneticamente idênticos às células cerebrais de quem desenvolveu esquizofrenia, esses neurônios fabricados em laboratório são importantes para compreender a enfermidade, que tem importante componente genético, porque permite aos pesquisadores desprezar a influência de fatores ambientais, como o uso de medicamentos ou o contexto social em que as pessoas vivem. “Não se sabe quanto o ambiente contribui para a doença”, diz Kristen Brennand, pesquisadora do grupo de Gage e primeira autora do artigo da Nature. “Mas ao fazer esses neurônios crescerem em laboratório, podemos eliminar o ambiente da equação e começar a focar nos problemas biológicos”, afirma. Segundo Gage, é a primeira vez que se consegue criar, a partir de células de seres humanos vivos, um modelo experimental de uma doença mental complexa. “Esse modelo não apenas nos dá a oportunidade de olhar para neurônios vivos de pacientes com esquizofrenia e de pessoas saudáveis, como também deve permitir entender melhor os mecanismos da doença e avaliar medicamentos que podem revertê-la”, afirma em comunicado à imprensa o neurocientista, que anos atrás demonstrou que o cérebro adulto continua a produzir neurônios. Depois de converter em laboratório células da pele em neurônios, Kristen realizou testes para verificar se eles se comportavam de fato como os neurônios originais e eram capazes de transmitir informação de uma célula a outra. As células cerebrais obtidas a partir de células da pele (fibroblastos) funcionavam, sim, como neurônios. “Em vários sentidos, os neurônios ‘esquizofrênicos’ são indistintos dos saudáveis”, afirma a pesquisadora. Mas há diferenças. Kristen notou que os novos neurônios de quem tinha esquizofrenia apresentavam menos ramificações do que os das pessoas saudáveis. Essas ramificações são importantes porque permitem a comunicação de uma célula cerebral com outra – e geralmente são encontradas em menor número em estudos feitos com modelo animal da doença e em análises de neurônios extraídos após a morte de pacientes com esquizofrenia. Nos neurônios dos esquizofrênicos, a atividade genética diferiu daquela observada nas pessoas sem a doença. Kristen e Gage viram que o nível de ativação de 596 genes era desigual nos dois grupos: 271 genes eram mais ativos nas pessoas com esquizofrenia – e 325 menos expressos – do que nas pessoas sem o problema. Num estágio seguinte, Kristen deixou os fibroblastos convertidos em neurônios passar um tempo em cinco soluções diferentes, cada uma contendo um dos cinco medicamentos mais usados para tratar esquizofrenia – os antipsicóticos clozapina, loxapina, olanzapina, risperidona e tioridazina. Dos cinco, apenas a loxapina foi capaz de reverter o efeito da ativação anormal dos genes e permitir o crescimento de mais ramificações nos neurônios. Esses resultados, porém, não indicam que os outros quatro compostos não sejam eficientes. “A otimização da concentração e do tempo de administração pode aumentar os efeitos das outras medicações antipsicóticas”, escreveram os pesquisadores. “Esses medicamentos estão fazendo mais do que achávamos que fossem capazes de fazer”, diz Kristen. “Pela primeira vez temos um modelo que permite estudar como os antipsicóticos agem em neurônios vivos e geneticamente idênticos aos de paciente”, conta a pesquisadora. Isso é importante porque torna possível comparar os sinais da evolução clínica da doença com os efeitos farmacológicos. “Por muito tempo as doenças mentais foram vistas como um problema social ou ambiental, e as pessoas achavam que os pacientes poderiam superá-las caso se esforçassem”, comenta Gage. “Estamos mostrando que algumas disfunções biológicas reais nos neurônios são independentes do ambiente”.


Fonte: Revista Fapesp - online (14/04/2011)

Imagem: Kristen Brennand / Instituto Salk

terça-feira, 5 de abril de 2011

Biomed Metodista e o Projeto Rondon

http://www.metodista.br/noticias/2011/abril/umesp-adianta-os-trabalhos-em-relacao-ao-projeto-rondon/view

O professor Victor Bigoli, da Biomedicina Metodista, sempre participa desse belíssimo projeto. Muitos alunos também já participaram ao longo dos anos, em uma experiência marcante para suas carreiras e suas vidas. Digno de nota!

Projeto Rondon Abril/2010. Fonte: www.metodista.br

Planta fluorescente

Manipulação genética acende proteínas da planta Arabidopsis thaliana, o rato de laboratório do mundo vegetal. A imagem está entre as 21 vencedoras do prêmio britânico Wellcome Image Awards 2011.



Fonte: Pesquisa FAPESP Online.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Especialistas alertam para o perigo dos agrotóxicos para a saúde

Brasília – Especialistas que participaram de mesa redonda promovida pela Rádio Nacional de Brasília, da Empresa Brasil de Comunicação, para debater o uso inadequado de agrotóxicos nas lavouras, alertaram para a importância de substituir os defensivos agrícolas por produtos de menor toxicidade e também para o perigo do uso de agrotóxicos contrabandeados. Eles observaram que é preocupante a contaminação dos produtos agrícolas e de origem animal que pode afetar a saúde humana. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, José Luiz Santana, um dos debatedores, ponderou que o uso de defensivos acaba sendo necessário para que a produção agrícola mundial se situe no patamar anual de 2 bilhões de toneladas de grãos. Por isso, segundo ele, “é preciso que a própria sociedade cobre o emprego correto desses produtos de forma que os efeitos negativos para a saúde do consumidor sejam reduzidos”. O médico e doutor em toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso Wanderlei Pignatti afirmou que, em 2009, foram utilizados, no Brasil, 720 milhões de litros de agrotóxicos. Só em Mato Grosso, foram consumidos 105 mil litros do produto. Ele indaga “onde vai parar todo esse volume” e defende a reciclagem das embalagens vazias a fim de não contaminarem o meio ambiente. Pignatti alerta que a chuva e os ventos favorecem a contaminação dos lençóis freáticos. Entre os defensivos agrícolas mais perigosos, ele cita os clorados, que estão proibidos em todo o mundo e ainda são utilizados largamente no Brasil. São defensivos que causam problemas hormonais e que podem afetar a formação de fetos, segundo o médico. O professor relatou que, nos locais onde o uso de agrotóxicos não é feito com critério, encontram-se casos de contaminação do próprio leite materno, “o alimento mais puro que existe”, o que ocorre pela ingestão do leite de vaca. “A mulher vai ter todo o seu organismo afetado quando o seu leite não estiver puro e os efeitos tóxicos podem ficar armazenados nas camadas de gordura do corpo”. Ele lembrou ainda há resolução do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que proíbe a pulverização de agrotóxicos num raio de 500 metros onde haja habitação e instalações para abrigar animais, distância que tem que ser observada também em relação às nascentes. O professor Mauro Banderali, especialista em instrumentação ambiental na área de aterros sanitários, reconhece que, apesar da cultura de separação do lixo tóxico em aterros que há existe no país, ainda não se sabe exatamente o potencial dos agrotóxicos para contaminar o solo e a água e, consequentemente, os seres humanos pelo consumo de alimentos cultivados em áreas pulverizadas. “A preparação do campo para o plantio é, frequentemente, feita sem se saber se vai vir chuva. Quando o tempo traz surpresas, ocorre a contaminação das nascentes em lugares onde a aplicação foi demasiada”. O professor José Luiz Santana ressalva que há, no país, propriedades muito bem administradas onde há a preocupação de manter práticas sustentáveis. Ele, no entanto, denunciou que há agricultores que usam marcas tidas como ultrapassadas na área dos químicos e que podem ser substituídas por alternativas de produtos mais evoluídos, disponíveis no mercado. Para ele, apesar da seriedade do assunto, “não se deve assustar as pessoas quanto ao consumo de alimentos”, já que as áreas do governo que cuidam do tema têm o dever de trabalhar pelo bom uso dos agrotóxicos e, além disso, conforme ressaltou, a agricultura conta com um “trabalho de apoio importante por parte de organizações não governamentais que procuram difundir o uso correto dos defensivos agrícolas.


Fonte: Correio Braziliense - Ciências e Saúde - 02/04/2011

Células-tronco da tuba-uterina são esperança para reconstrução óssea

Apenas três anos se passaram desde que uma das equipes de cientistas do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (Cegh/USP) provou para o mundo, pela primeira vez, que a tuba uterina (antigamente chamada de trompa de Falópio) era uma fonte rica de células-tronco adultas mesenquimais (que podem se transformar em outros tecidos). Agora, no começo de 2011, a mesma equipe — liderada pelas geneticistas Maria Rita Passos-Bueno e Mayana Zatz e pela bióloga e doutora em ciências Tatiana Jazedje Costa e Silva — confirmou que esse tipo de material é capaz de reconstruir cartilagens, ossos e músculos lesionados do crânio de camundongos. O próximo passo da pesquisa é tentar regenerar — inicialmente, também em animais — a tuba uterina, adianta Tatiana. Atualmente, ela se debruça sobre a compreensão dos segredos celulares do aparelho reprodutor feminino. — Acreditamos que as células-tronco de tuba uterina têm um papel importante para a manutenção do ambiente ideal para a fecundação e o desenvolvimento do embrião em fase inicial, até cinco dias antes da descida ao útero — explica, referindo-se ao aprofundamento das pesquisas que relacionam infertilidade feminina a células-tronco da tuba. Segundo ela, por enquanto, isso é uma hipótese. O que intriga a bióloga e sua equipe é saber por que a tuba uterina é tão rica nessas células. Outro campo de ação do Cegh é a busca de correção de distrofias musculares, por enquanto em bichos, comenta Mayana Zatz, que coleciona várias e promissoras frentes de estudos nos laboratórios do centro — a maioria nas áreas de terapia celular, biologia molecular e de medicina regenerativa. — Quando se fala em regeneração óssea ou muscular, temos alcançado resultados muito bons e bastante animadores — admite a pesquisadora. Mas ela pondera quanto à necessidade de se ter cautela ao tratar o tema: — Tudo isso provoca muita esperança, é claro, mas temos de situar a parte prática dos estudos exclusivamente em animais, neste momento, embora possamos pensar em testes em humanos num futuro breve. Nos experimentos do grupo de Mayana Zatz também foram usados moldes que servem de suporte para as células-tronco se fixarem antes de serem aplicadas nos modelos animais e que auxiliam no processo de ossificação. O próximo passo da pesquisa é submeter o trabalho à aprovação dos órgãos de regulamentação, como o Conselho Nacional de Ética em Pesquisas (Conep), para poder iniciar testes em pessoas. Esperança contra osteoporose Uma das linhas de abordagem da pesquisa com células-tronco para regeneração óssea (e muscular) foi exatamente testar várias fontes de células-tronco com elevado poder de diferenciação, retiradas do próprio organismo, capazes de acelerar a reconstrução de ossos que sofreram alguma fratura ou malformação, como ocorre com bebês que nascem com alterações craniofaciais. A técnica pretende assegurar eficiência também no tratamento de doenças como a osteoporose, que causa a perda de massa óssea e aumenta a fragilidade dos ossos e o risco de fraturas — diz Mayana Zatz. Entre as fontes de extração de células-tronco para cultivo e teste com animais, foram escolhidas polpa de dente de leite, tecido adiposo — descartado em cirurgias de lipoaspiração, por exemplo , tecido muscular de lábio leporino e de tubas uterinas. A vantagem dessa descoberta é que, como a osteoporose atinge majoritariamente as mulheres idosas, devido a perdas hormonais, poderemos regenerar osso fraturado com recursos do próprio paciente —diz Mayana Zatz.


Fonte: Correio Braziliense - Ciências e Saúde - 4 de abril de 2011