Colaboradores

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Policlínica seleciona pacientes com diabetes para atendimento gratuito

Policlínica seleciona pacientes com diabetes para atendimento gratuito

PRAID orienta de forma multidisciplinar sobre cuidados da doença
17/04/2017 13h35
O Programa de Atendimento Interdisciplinar ao Paciente com Diabetes (PRAID) da Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo está recebendo inscrições de pacientes com diabetes tipo II.
PRAID oferece atendimento gratuito de profissionais e estudantes de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia que visam orientar os pacientes e promover atividades que auxiliem no cuidado da saúde e maior conhecimento a respeito da doença.
As vagas são limitadas e as atividades são realizadas no Campus Rudge Ramos da Universidade (Rua Alfeu Tavares, 149, Rudge Ramos - São Bernardo do Campo/SP). Para se inscrever, basta ligar no telefone (11) 4366-5565 e marcar horário na triagem, que acontecerá entre 29 de maio e 9 de junho, das 7h às 16h.

domingo, 11 de março de 2018

Cinema e debate: projeto de extensão exibirá filmes sobre saúde e questões sociais


 
Proibido Proibir, dirigido por Jorge Duran, será o primeiro filme exibido. Foto: reprodução
 
O curso de Biomedicina apresenta um novo projeto de extensão. Trata-se do "Cinema, Ética e Saúde: temas contemporâneos", iniciativa que promove a exibição de filmes e discussões sobre o tema entre docentes e alunos.

O primeiro encontro ocorre no dia 21 de março de 2018, a partir das 17h, no auditório do campus Planalto. Será apresentado o filme "Proibido Proibir", premiado drama brasileiro-chileno que trata de problemas urbanos, como violência, saúde, educação e desigualdade social.

A proposta do projeto é despertar nos alunos a capacidade de uma leitura crítica sobre questões sociológicas, fisiológicas e psicológicas, a partir de discussões sobre temáticas relacionadas à saúde, avanços da ciência e suas aplicações na sociedade.

Os encontros serão quinzenais, alternando entre quartas e quintas-feiras do mesmo mês. Os participantes receberão certificado de participação para comprovação de atividades complementares, que devem ser avaliadas dentro das regras de cada curso. Embora tenha foco nos alunos da área de saúde, estudantes de outros cursos da Metodista também podem participar.

Segue a notícia:

sábado, 17 de fevereiro de 2018

“Novos desafios de um antigo problema: Febre Amarela”

Instituto de Medicina Tropical /USP - PIT Trop
Tema: “Novos desafios de um antigo problema: Febre Amarela” - 23 de Fevereiro 2018 (sexta-feira)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

AULA MAGNA - PRINCÍPIOS DE NEUROCIÊNCIAS E COMPORTAMENTO


O curso de Biomedicina da Universidade Metodista convida para a aula magna do módulo "Princípios de Neurociências e Comportamento"

Títulos: "As histórias do cérebro: ideias, ciência e a fundação recente das neurociências."

Palestrante: Prof. Dr. Luiz Henrique Santana

Mini Currículo do Palestrante: Psicólogo (UFPA, 2014). Mestre em Neurociência e Cognição (2016). Doutorando em Psicologia Experimental pela USP e colaborador do Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology. Colunista do site de divulgação científica em psicologia Comporte-se e Revisor Ad hoc da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva.

Local: Auditório do Campus Planalto
Data: 07/02/2018 das 19:30 h às 21:00h

sábado, 23 de dezembro de 2017

Boas Festas!!!!

Que a paz e a compreensão reinem em nossos corações neste Natal e no Ano Novo que se aproxima. Boas Festas.




sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Quero Trabalhar na Alemanha!

O mercado de trabalho alemão reconhece profissionais qualificados e está de portas abertas para recepcionar candidatos de distintas nacionalidades. Sendo a maior economia da Europa, o país destaca-se pela infraestrutura e a alta qualidade de vida oferecida aos seus trabalhadores.
Com o objetivo de divulgar oportunidades de emprego na Alemanha e identificar possíveis candidatos para trabalhar no país, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, em parceria com a agência pública responsável pela intermediação de empregos e formação profissional da Alemanha (Bundesagentur für Arbeit), convida para o evento: Quero trabalhar na Alemanha!
Ao longo do dia, uma palestra com o propósito de apresentar a realidade do mercado de trabalho alemão aos interessados será ministrada em dois horários distintos: às 9 e às 14 horas.
Programação do Evento:
10/11/2017 -  Sexta-feira
Local: Colégio Humboldt, Av. Eng. Alberto Kuhlmann, 525 - Interlagos - São Paulo / SP.
Investimento: Gratuito.

 Informações:  http://www.ahkbrasilien.com.br/pt/formacao/quero-trabalhar-na-alemanha/

sábado, 30 de setembro de 2017

DIA DA UNIVERSIDADE ABERTA - DUA

E HOJE FOI O DIA DA UNIVERSIDADE ABERTA!
PARABÉNS A TODOS QUE PARTICIPARAM!
NENHUM DE NÓS É TÃO BOM
 QUANTO TODOS NÓS JUNTOS!















sexta-feira, 7 de julho de 2017

Uma chave para entrar no cérebro

Nanomaterial à base de carbono pode facilitar a chegada de medicamentos ao sistema nervoso central

Não é fácil fazer um medicamento chegar ao cérebro. Os vasos sanguíneos que irrigam o sistema nervoso central são revestidos por uma estrutura especial composta por três tipos de célula que, em conjunto, atuam como um filtro muito seletivo. Chamada de barreira hematoencefálica, essa estrutura só permite a passagem de alguns compostos necessários para o funcionamento cerebral adequado, como nutrientes, hormônios e gases. Essa seletividade protege o sistema nervoso central de moléculas tóxicas encontradas no sangue e também impede que um fármaco consumido por via oral ou injetado na corrente sanguínea atinja o cérebro, mesmo quando isso é necessário. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o grupo liderado pela bióloga Maria Alice da Cruz-Höfling testa atualmente a possibilidade de usar o óxido de grafeno reduzido – um composto nanoestruturado formado por átomos de carbono – para abrir a barreira e fazer certos medicamentos chegarem ao cérebro com menos efeitos colaterais do que os provocados por compostos atualmente em uso.

Os testes iniciais com o óxido de grafeno reduzido foram promissores. Experimentos feitos com células e com animais de laboratório indicam que ele abre temporariamente a barreira e, nas doses avaliadas, aparentemente não é tóxico para o organismo. “Trabalhamos com esse composto porque os nanomateriais da família do grafeno mostravam potencial para interagir com o sistema nervoso, já que o grafeno é um excelente condutor elétrico e as células neurais se comunicam por meio de impulsos elétricos”, explica a farmacêutica e bioquímica Monique Mendonça, pesquisadora em estágio de pós-doutorado no Instituto de Biologia da Unicamp e primeira autora dos artigos que descreveram esses resultados, publicados em 2015 e 2016 no Journal of Nanobiotechnology e na Molecular Pharmaceutics.
Constituído por uma única camada de átomos de carbono organizados em hexágonos regulares, o grafeno é 200 vezes mais resistente do que o aço e um dos melhores condutores elétricos conhecidos. O grafeno puro, porém, tem aplicações biológicas limitadas por ser pouco solúvel em água. Já o óxido de grafeno reduzido dilui-se em água e preserva propriedades elétricas similares às do grafeno.
Monique conheceu o óxido de grafeno reduzido em 2013, em uma conversa com pesquisadores do Laboratório de Nanoengenharia e Diamantes da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Unicamp, e decidiu avaliar o seu potencial de atravessar a barreira. “Adaptamos o processo de produção desse material para sintetizá-lo sem a necessidade de processos químicos intermediários e aumentar o seu grau de pureza para cerca de 99%”, conta o pesquisador Helder Ceragioli, da FEEC. Os métodos de produção descritos na literatura científica costumam deixar impurezas (átomos de ferro, tungstênio ou níquel) que podem ser tóxicas. Segundo as previsões teóricas, quanto mais puro o óxido reduzido de grafeno, menor o risco de causar danos aos tecidos vivos.
Nos experimentos, Monique injetou o óxido de grafeno reduzido na circulação sanguínea de ratos e, usando técnicas que permitem o rastreamento do composto no organismo, observou que uma hora mais tarde ele já havia penetrado em estruturas cerebrais como o hipocampo e o tálamo. Por detectar uma redução no nível das proteínas que mantêm unidas as células que revestem os vasos sanguíneos, ela concluiu que o óxido de grafeno reduzido havia aberto a barreira ao criar espaço entre as células que a formam. Monique notou ainda que, algumas horas após a injeção do composto, a barreira voltava a se fechar. O grupo da Unicamp atualmente investiga os possíveis mecanismos bioquímicos que seriam ativados nas células para abrir a barreira.
Neurônios preservados
Sete dias após a aplicação, a maior parte do composto já havia sido eliminada do organismo, sugerindo que não tende a se acumular e tornar-se tóxico às células. Outros exames constataram que não houve morte neuronal nos roedores tratados e que a morfologia do cérebro permaneceu intacta. O material também não produziu danos nas células sanguíneas nem em órgãos como o fígado e os rins. Além disso, o óxido de grafeno reduzido parece ter vantagens sobre compostos como o manitol, usado pelos médicos para abrir a barreira hematoencefálica.
“O óxido de grafeno reduzido é potencialmente mais seguro que o manitol, que altera o fluxo de líquidos no sistema nervoso central e pode deixar os neurônios suscetíveis a danos, além de prejudicar o funcionamento dos rins”, comenta o médico Licio Velloso, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Velloso atualmente investiga alterações no organismo que mudam a permeabilidade da barreira e considera o óxido de grafeno reduzido um candidato promissor a desempenhar essa função. “No entanto”, ele pondera, “o uso farmacológico das nanopartículas ainda está em fase inicial e são necessários mais estudos para verificar se elas causam efeitos colaterais no longo prazo”.
“Os resultados obtidos até agora indicam que o óxido de grafeno reduzido tem potencial para transportar medicamentos até o cérebro ou para abrir a barreira e permitir que outros transportadores levem os fármacos até lá”, conta Maria Alice, que começou a investigar formas de abrir a barreira hematoencefálica há 20 anos, quando estudava o efeito do veneno de aranhas do gênero Phoneutria, as armadeiras. “Como pessoas picadas por essas aranhas apresentavam sintomas neurotóxicos, pressupus que o veneno poderia atravessar a barreira”, lembra. Mais tarde ela verificou que doses baixas abriam a barreira em ratos. Com a dificuldade de isolar o componente do veneno responsável por esse efeito, Maria Alice passou a testar outros compostos.
Apesar dos resultados animadores, é cedo para dizer se o óxido de grafeno reduzido poderá ser usado na prática clínica. Antes, é preciso avaliar se ele é seguro para seres humanos e se, de fato, permite a chegada de outros compostos ao cérebro de forma mais eficaz.
Projeto
Óxido de grafeno e sistema nervoso central: Avaliação dos efeitos na barreira hematoencefálica e perfil nanotoxicológico (nº 12/24782-5); Modalidade Bolsa de Doutorado; Pesquisadora responsável Maria Alice da Cruz Höfling (Unicamp); Bolsista Monique Culturato Padilha Mendonça; Investimento R$ 135.835,83 e R$ 31.276,24 (Bepe).
Artigos científicos
MENDONÇA, M. C. P. et alPEGylation of reduced graphene oxide induces toxicity in cells of the blood-brain barrier: An in Vitro and in Vivo Study. Molecular Pharmaceutics. v. 13 (11). 18 out. 2016.
MENDONÇA, M. C. P. et alReduced graphene oxide: Nanotoxicological profile in ratsJournal of Nanobiotechnology. v. 14 (53). 24 jun. 2016.
MENDONÇA, M. C. P. et alReduced graphene oxide induces transient blood-brain barrier opening: An in vivo studyJournal of Nanobiotechnology. v. 13 (78). 30 out. 2015.
DE PAULA LE SUEUR, L. et al. Breakdown of the blood-brain barrier and neuropathological changes induced by Phoneutria nigriventer spider venomActa Neuropathologica. v. 105 (2), p. 125-34. fev. 2003.

Fonte: Revista Fapesp on line jun/2017
Por:  Ricardo Aguiar 

quinta-feira, 29 de junho de 2017

BOAS FÉRIAS!




METODISTA CELEBRA 20 ANOS COMO UNIVERSIDADE

Universidade Metodista de São Paulo chega a 2017 completando 20 anos com status de universidade e comprometida, desde a criação há quase 80 anos, com projeto pedagógico que alia qualidade acadêmica, científica e tecnológica. Para celebrar a passagem, serão realizados vários cultos em agradecimento, começando por 4 de julho, data da publicação no Diário Oficial da União do credenciamento da condição universitária, em evento programado para às 12h30 no Anfiteatro Marcio de Moraes-Edifício Sigma. Em 28 de julho, a celebração antecederá a Assembleia Docente do 2º semestre, às 10h, no Salão Nobre.
Até 1997 a Metodista somava 17 graduações, 5.116 alunos e atuava nos limites do campus Rudge Ramos. Dez anos depois, em 2007, já eram 16.286 alunos e 45 cursos de graduação. Hoje são cerca de 80 cursos presenciais e a distância, outros 30 de pós-graduação (especialização e MBA), além de 9 programas stricto sensu (mestrado e doutorado). Neste 2017, no primeiro semestre, estavam matriculados na Metodista 21,7 mil alunos presenciais e EAD. Além disso, a Metodista expandiu fisicamente para os campi Vergueiro e Planalto, também em São Bernardo do Campo (SP). Em 2006, foi uma das pioneiras no Brasil ao introduzir Educação a Distância (EAD), contando agora com mais de 90 polos em todo o País.
Em 80 anos de atividades, desde a abertura da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista em 1938, já foram formados quase 88 mil alunos entre graduação e pós-graduação. Há dois anos, as faculdades foram reestruturadas por áreas do conhecimento, centralizadas em cinco grandes Escolas: Ciências Médicas e da Saúde; Gestão e Direito; Teologia; Engenharias, Tecnologia e Informação; Comunicação, Educação e Humanidades.
Para mais informações: http://portal.metodista.br/20-anos?banner

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Variações do olfato

Influências genéticas e ambientais determinam a construção do órgão sensorial no fundo do nariz


Se você passar um tempo prolongado exposto a um determinado cheiro, é possível que se torne mais eficaz em detectá-lo. Pode não parecer surpreendente, e até mesmo evocar ecos em outros sentidos – como, por exemplo, aqueles sons discretos que só o morador da casa consegue ouvir e identificar. Mas no caso do olfato parece haver um mecanismo bem mais marcante, se o que foi observado em camundongos valer também para outros animais – o humano inclusive. “A construção celular e molecular do epitélio olfatório depende de instruções genéticas e também se altera conforme a experiência de vida”, afirma o biólogo Fabio Papes, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele e colegas do Reino Unido e dos Estados Unidos detalharam o forte componente genético responsável por moldar o sistema olfatório, conforme descreve artigo publicado no dia 25 de abril na revista eLife. Detectaram também que o órgão sensorial é modificado pelo ambiente. E isso é novidade.


A importância da genética na complexidade do olfato é inegável: mais de 5% dos genes presentes no DNA humano são dedicados a produzir uma diversidade de receptores moleculares que caracterizam os neurônios olfatórios (ver Pesquisa FAPESP nº 155). Isso significa que o órgão detector de odorantes localizado no fundo da cavidade nasal é composto por cerca de 400 tipos de células, cada um deles especializado em reconhecer uma molécula. “A visão conta apenas com três tipos de células”, compara Papes. É um investimento de peso, sobretudo considerando-se que os seres humanos não têm o faro como seu sentido principal. No camundongo, modelo usado pelo professor da Unicamp e seus colegas, cerca de mil genes codificam receptores de odorantes. “É uma das maiores famílias multigênicas que existem”, afirma. Cheiros complexos acionam uma diversidade de receptores  químicos, ativando combinações de células no nariz. Essa estratégia de detecção é o que permite identificar um número astronômico de cheiros (ver imagem).
Para destrinchar a contribuição dos genes e do ambiente na formação desse sentido responsável por avaliar a qualidade dos alimentos, potenciais parceiros sexuais, competidores e predadores nos arredores, os pesquisadores lançaram mão de duas linhagens diferentes de camundongos. A particularidade era que todos os representantes de cada uma das linhagens eram geneticamente idênticos, de maneira que para efeitos do experimento funcionava quase como se o estudo fosse feito em dois indivíduos diferentes, cada um com várias réplicas, ou clones.


Em um dos experimentos, os pesquisadores acondicionaram esses camundongos no mesmo ambiente, para em seguida comparar o órgão olfatório entre as duas linhagens. O grupo do Instituto Sanger, na Inglaterra, liderado pelo geneticista Darren Logan (coordenador do estudo), sequenciou o RNA de todo o epitélio olfatório, conseguindo a caracterização mais completa até agora da atividade genética no órgão como um todo. “É o maior centro de sequenciamento do mundo”, conta Papes, justificando o feito inédito. Com isso, foi possível demonstrar que a estrutura física dessa central de detecção dos odorantes é diferente entre as linhagens de camundongos mesmo em condições ambientais padronizadas, indicando que as células receptoras presentes em cada linhagem são consequência de diferenças genéticas.
Mesmo assim, o epitélio nasal é tudo, menos fixo. “É um dos poucos lugares no organismo onde há neurogênese constante durante a vida inteira”, explica o professor da Unicamp. Essa particularidade está ligada, em parte, à fragilidade do tecido. Os neurônios ali estão expostos ao ar externo, ao contrário das células muito bem protegidas no cérebro. A cada vez que substâncias tóxicas – como a fumaça de uma avenida de trânsito pesado – entram pelo nariz, os neurônios são atacados e possivelmente levados à morte. Por isso há uma variação no longo prazo: cada célula dura alguns meses, em média, antes de ser substituída.  
Acontece que essa substituição não é aleatória nem predeterminada, conforme indicaram os experimentos feitos na Unicamp e no Sanger. Os pesquisadores transferiram embriões das duas linhagens de camundongos para fêmeas de aluguel, de maneira a criar um ambiente gestacional controlado e homogêneo, e depois devolveram as ninhadas às mães de cada uma das linhagens, mas com um detalhe: cada uma delas continha um filhote adotivo do outro tipo. O desenho experimental partiu do princípio de que mães geneticamente distintas apresentam uma série de particularidades em como influenciam a experiência sensorial dos filhotes, como o cheiro do leite, por exemplo. Depois de adultos, esses camundongos foram analisados conforme o grupo a que pertenciam: animais de cada uma das linhagens criados em ambientes contendo mães semelhantes, e aqueles criados por mães de linhagem diferente (ver infográfico).


A manipulação permitiu detectar diferenças sutis no perfil de expressão gênica do epitélio olfatório em camundongos vivendo em situações distintas, uma indicação de que o ambiente também contribui para a construção do órgão. “Isso não tinha sido previsto”, conta Papes. Detectar essa variação representou um desafio técnico importante, porque cada tipo de molécula odorante afeta poucas células no nariz. Isso explica o fato de uma análise tão detalhada em larga escala só ter sido realizada agora, quando os recursos para análises genéticas se tornaram mais sofisticados.
Faro mutável
Os experimentos também averiguaram mais a fundo as mudanças que acontecem ao longo da vida, ao expor camundongos adultos a quatro moléculas odorantes cujas células detectoras são conhecidas – como cheiro de banana ou de cravo. O aroma estava na água disponível para os animais, que sentiam o cheiro a cada vez que bebiam. Apesar de não ser contínua, já que não estavam expostos o tempo todo, foi uma exposição prolongada, no decorrer de seis meses. O sequenciamento posterior mostrou uma maior atividade de certos genes, interpretada como um aumento no número de células portadoras dos receptores específicos para os quatro odorantes. Bastaram seis semanas sem água aromatizada para que os níveis de expressão dos genes voltassem ao normal.


“Essa foi a primeira vez que se quantificou de maneira abrangente que o número de neurônios olfatórios que expressam cada um dos mil tipos de receptores olfatórios varia entre diferentes linhagens de camundongos”, avalia a bioquímica Bettina Malnic, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), uma das maiores especialistas em neurobiologia do olfato no Brasil. Ela não participou do estudo, mas tem interesse especial na genética por trás dos neurônios olfatórios e em como a expressão desses genes é regulada (ver Pesquisa FAPESP nº 220), como mostra revisão recente na revista Molecular Pharmacology.
© FABIO PAPES / UNICAMP
O epitélio olfatório de camundongos permite o contato direto entre o ar e os neurônios (os núcleos são os pontos escuros)
Vida e morte                                                             Em um estudo cujos resultados estão submetidos para publicação, o grupo de Bettina usou camundongos geneticamente alterados, que não conseguiam transmitir ao cérebro os sinais relativos aos odorantes, e detectou que nessa situação os neurônios do epitélio olfatório morrem. “A incapacidade de responder aos odorantes afeta a sobrevida das células”, explica, embora ela ainda não tenha encontrado a via bioquímica que determina essa morte celular. Novas células são constantemente produzidas, mas a alta mortalidade faz com que o epitélio olfatório desses camundongos modificados seja composto por um número reduzido de neurônios. “O aumento que esses pesquisadores observaram na expressão gênica de camundongos criados em ambientes onde se adicionou um odorante específico é compatível com a ideia de que houve um aumento na sobrevida dos neurônios ativados pelo odorante”, sugere.


Enquanto fazia sua pesquisa, foi uma grata surpresa para Bettina encontrar o artigo de Papes e colaboradores, antes de sua publicação oficial, no repositório eletrônico de preprints bioRxiv (ver Pesquisa FAPESP nº 254). “O acesso a resultados do estudo mesmo antes de sua publicação definitiva contribuiu para o melhor delineamento de experimentos que já estavam sendo realizados no meu laboratório”, conta.
As perguntas que surgem a partir das novas respostas garantem trabalho de sobra para os dois grupos nos próximos tempos. Além de aprofundar o estudo dos possíveis mecanismos para o aumento na frequência dos receptores mais usados, como longevidade das células e regulação da atividade gênica, também falta avaliar como essa variação ao longo da vida e entre indivíduos pode alterar a percepção do ambiente. Papes sugere que uma plasticidade semelhante pode existir nos outros sentidos, que ainda não foram estudados sob essa ótica.
Os resultados sugerem um mecanismo adaptativo, somando-se ao que se sabia sobre a memória sensorial (quando um cheiro evoca uma lembrança específica) e a habituação (quando a exposição a um estímulo desliga os neurônios envolvidos com sua interpretação no cérebro). “Descrevemos uma nova estratégia adotada pelo organismo, onde fatores ambientais modificam como o órgão olfatório é construído, adaptando o indivíduo para viver naquele ambiente”, afirma Papes.
Ele também enxerga um impacto potencial na medicina personalizada. “Se os sentidos são distintos para cada pessoa, não somente porque suas fisiologias são diferentes, mas também porque a própria construção celular de seus órgãos dos sentidos não é igual, então devemos encarar cada ser humano como único do ponto de vista sensorial”, afirma. Por essa ótica, ele defende que fármacos podem ser desenvolvidos para tratar distúrbios sensoriais ou modular os comportamentos causados por eles em grupos específicos de pessoas.
Nas últimas duas décadas, ele conta, uma série de estudos vem investigando até que ponto a olfação influencia o comportamento humano, como a relação entre atração sexual e odores corporais. Os achados de agora sugerem que as novas abordagens genéticas podem contribuir para essa compreensão. Um dos projetos em andamento no Instituto Sanger envolve um experimento de ampla escala na população inglesa para sequenciar o RNA do órgão olfatório, mapear geneticamente seu epitélio e correlacionar os genes com diferentes tipos de enfermidades e distúrbios sensoriais nos voluntários. Papes espera poder participar, incluindo amostras brasileiras na população sequenciada. “A diversidade social e a variabilidade genética no Brasil torna nossa população especialmente interessante para esse tipo de estudo.”
Artigos científicos
NAGAI, M. H. et al. Monogenic and monoallelic expression of odorant receptors. Molecular Pharmacology. v. 90, n. 5, p. 633-9. nov. 2016

Fonte: Revista Fapesp on line maio 2017
Por: Maria Guimarães